O motivo por trás do sucesso de séries true crime, como Dahmer

O público demonstra um interesse cada vez maior por séries true crime, mas por quê? Entendas as razões por trás do sucesso do gênero.

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

O gênero true crime cresce cada dia mais em serviços de streaming. A série Jeffrey Dahmer: Um Canibal Americano estreou há algumas semanas no catálogo da Netflix e já representa a segunda maior audiência em língua inglesa da plataforma, atrás apenas de Stranger Things (2016). Com a história de um serial killer, a série reforça o cada vez mais crescente interesse do público pelo gênero.

Como um exemplo nacional, Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, documentário seriado, tornou-se a produção local mais assistida da HBO Max. Assim, qual o interesse por trás do gênero true crime? Qual o impacto causado por filmes e séries sobre crimes?

Em suma, há alguns pontos importantes para entender. Em primeiro, o que o gênero representa em si. Depois, o motivo por trás do interesse. E, por último, as consequências que filmes e séries true crime carregam. Por fim, confira!

O que é o gênero true crime?

O gênero true crime constrói uma narrativa a partir de histórias reais, como o nome sugere, mas com o acréscimo de tons dramáticos. Assim, a produção nasce com a intenção de comover e escandalizar o telespectador por diferentes motivos. O principal, claro, reforçar algum crime brutal que tenha marcado o imaginário popular.

De acordo com uma reportagem da revista Time, dos Estados Unidos, criminologistas defendem que o interesse pelo true crime começou a surgir em 1888. Eles atribuem a obsessão pelo gênero a Jack, o Estripador, que matou e mutilou ao menos cinco mulheres em Londres.

Em suma, o crime atraiu, de forma inédita, a atenção global devido a cobertura midiática da época. Em entrevista à matéria, Scott Bonn, diz que o caso mudou a forma como o jornalismo narrava as histórias de crime. Assim, a partir de Jack, começaram a surgir manchetes e capas de jornais “mais lascivas com a intenção de aumentar as vendas”.

Por que o interesse pelo gênero true crime?

Hoje, portanto, o conceito de midiatizar crimes reais e brutais expandiu-se para o entretenimento. Logo, séries e filmes passaram a adaptar o gênero true crime a tal ponto em que há uma concorrência entre estúdios. Em um levantamento realizado nos Estados Unidos, dados apontam que a receita de podcasts true crime cresceu 53% entre 2017 e 2018.

A revista Time ouviu o responsável pela CrimeCon, um dos maiores festivais de cinema criminal do mundo. De acordo com Kevin Balfe, o gênero true crime demonstra o interesse do público pelas grandes histórias.

“O interesse é que a maioria dessas histórias representa o que todas as grandes histórias têm”, diz Balfe. “Há um herói. Há um vilão. Geralmente há um mistério. Muitas vezes há um evento traumático. Geralmente há uma resolução“, conclui.

Aqui no Brasil, o Uol entrevistou Danielly Ferraz, médica psiquiátrica pós-graduanda em psiquiatria forense. Durante a reportagem, ela reforça a ideia de Balfe e explica que há “[o interesse] por ser misterioso, por envolver situações que não são cotidianas, por trazer histórias de pessoas que fogem muito do padrão”.

Qual o impacto do consumo?

Há, em primeiro lugar, alguns impactos referentes ao consumo de filmes e séries true crime. De acordo com Danielly, gostar do gênero não foge da normalidade. Além disso, é natural que grandes histórias de crimes reais despertem a curiosidade do espectador. Contudo, alguns sintomas precisam ser alvo de cuidados. De acordo com a médica, a satisfação pela tema pode se tornar em algo patológico.

“Se a única maneira que a pessoa se diverte é falando sobre a morte, acende um alerta”, revela Danielly em entrevista ao UOL.

Por outro lado, a revista Time expõe um outro problema, às vezes não mencionado por quem costuma assistir ao gênero true crime. Em 2019, a Netflix solicitou que a família de Robert Mast participasse da série I Am A Killer. Contudo, de acordo com reportagem da Time, os familiares imploraram para que o projeto fosse abandonado. Em troca de e-mails, a mãe do jovem, assassinado aos 25 anos, escreveu:

“Como mãe, um ser humano, eu imploro que você não faça isso”, escreveu Mindy Pendleton, de 64 anos, no primeiro de muitos e-mails para os produtores, que ela compartilhou com a TIME. “Por favor, não faça isso!”

Por fim, não há como negar que o filmes e séries true crime estão estabelecidos na indústria da televisão e do cinema. De um lado, desperta o interesse de muitas pessoas a partir da curiosidade. De outro, reforça crimes que brutalizaram vítimas reais, o que faz pessoas reviverem o drama da perda mais uma vez.

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