O Escândalo: História Real Por Trás do Filme

O filme incendiário de Jay Roach, O Escândalo, conta a história verdadeira e angustiante de três funcionárias da Fox News. Em suma, elas tomam a iniciativa de enfrentar seus superiores masculinos predatórios, lançando mais um capítulo fundamental no movimento #MeToo. Porém, quanto do filme realmente aconteceu e quanto foi alterado para a tela grande?

Roach se uniu às principais atrizes Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie para expor a corrupção institucional. Além disso, expuseram o assédio presentes na polêmica e conservadora emissora. O filme também conta com John Lithgow no papel do chefe da Fox News, Roger Ailes, além de Allison Janney, Malcolm McDowell, Connie Britton e Kate McKinnon em papéis de apoio.

O Império de Mídia de Roger Ailes

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Imagem: Fred Prouser / Reuters

Assim como o magnata de Hollywood Harvey Weinstein abriu caminho para uma nova paisagem na produção e exibição de filmes, o envolvimento profissional de Roger Ailes na Fox News ajudou a moldar o caos moderno da mídia de notícias. Segundo o New York Times, até o momento em que Ailes foi demitido em 2016, a rede tinha, em média, 2 milhões de telespectadores por dia. Ou seja, mais do que CNN e MSNBC juntos.

Antes de ser contratado por Rupert Murdoch (interpretado por McDowell no filme) para lançar a Fox News em 1996, Ailes era um influente consultor político republican. Inclusive, ele ajudou os presidentes Ronald Reagan e George H.W. Bush a serem eleitos. E assim que fez a transição para a TV, não demorou muito para Ailes colocar comentaristas de direita agressivamente opinativos como Bill O’Reilly e Sean Hannity no topo da rede.

As Acusações de Gretchen Carlson

Como mostrado em O Escândalo, a primeira verdadeira bomba explode quando a ex-co-apresentadora do Fox & Friends, Gretchen Carlson, acusou Ailes em 2016 de “assédio sexual severo e persistente”. De acordo com ela, o CEO arruinou sua carreira ao retirar seus programas de horários nobres depois que ela recusou suas investidas.

Em seu processo, Carlson revelou uma gravação secreta de uma conversa notavelmente vil, mostrada em O Escândalo. Quando confrontada por Carlson sobre seu tratamento, ele respondeu: “Acho que você e eu deveríamos ter tido um relacionamento sexual há muito tempo e então você estaria boa e eu estaria melhor.”

Outras Mulheres se Manifestam

Como visto no filme O Escândalo, a decisão de Carlson de tornar públicas suas acusações contra Roger Ailes foi, por muito tempo, o ato de um ranger solitário. Uma atmosfera de medo e silêncio legal impediu que várias outras vítimas se manifestassem.

Mesmo depois que o processo de Carlson veio à tona, a esposa de Ailes, Beth (Britton), e a co-apresentadora da Fox News, Kimberly Guilfoyle, ajudaram a lançar uma campanha interna em apoio ao CEO. Inclusive, elas exigiam que as funcionárias da empresa usassem camisetas pró-Roger no trabalho. Esse tipo de padrão protegeu Ailes da fiscalização por décadas (três mulheres contaram à revista New York que o chefe da Fox News as assediou na década de 1960).

No entanto, isso nem sempre seria o caso. Pelo menos 20 mulheres, incluindo Megyn Kelly, se manifestaram para os advogados de Murdoch conduzindo a investigação ou, em alguns casos, os próprios advogados de Carlson com histórias de assédio. Durante esse tempo, à medida que as evidências e o número de acusações aumentavam, a pressão sobre a Fox para demitir Ailes também aumentava.

Apesar do que é mostrado em O Escândalo, com uma reunião entre Murdoch, seus filhos e Ailes sugerindo que ele havia sido forçado a sair do cargo, Ailes renunciou formalmente à Fox News. Ele rapidamente se tornou um conselheiro pessoal do presidente Donald Trump até sua morte em 2017 após cair em sua casa na Flórida. Foi menos de um ano depois que o magnata deixou a Fox News.

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