Dante Reyes

A Evolução da Masculinidade Tóxica: O Vilão Dante Reyes em Velozes e Furiosos

Com sua performance no filme, Jason Momoa joga o clássico tropo de vilão de Velozes e Furiosos pela janela e corre em direção a outro futuro.

A franquia Velozes e Furiosos conquistou o público mundial com sua ação intensa, perseguições emocionantes e personagens carismáticos. No entanto, no último filme, Velozes e Furiosos 10, testemunhamos uma mudança bem-vinda nos padrões desgastados com a atuação de Jason Momoa como Dante Reyes. Sob a superfície dessa saga movida pela adrenalina, podemos identificar uma complexa teia de dinâmicas de gênero, particularmente em relação à masculinidade tóxica.

Masculinidade tóxica em Velozes e Furiosos

Ao longo da franquia, Velozes e Furiosos frequentemente serviu como uma bandeira para a masculinidade tóxica. Características associadas a esse termo, como agressividade, dominância e supressão emocional, são retratadas de forma exacerbada nos personagens masculinos.

Contudo, a atuação de Jason Momoa como Dante Reyes representa uma pausa bem-vinda dos antagonistas masculinos grosseiros do passado. Vestido de forma colorida e exibindo seu carro roxo característico, Reyes desafia os estereótipos tradicionais de masculinidade, não temendo cuidar de sua aparência mesmo ao lado das pessoas que ele matou.

Antagonistas hipermasculinos na franquia

No passado, personagens como Deckard Shaw (Jason Statham) em Velozes e Furiosos 7 exemplificam o tropo da masculinidade tóxica. Shaw é movido pela vingança e pela necessidade de afirmar seu domínio, demonstrando desrespeito pela vida humana. Owen Shaw (Luke Evans), irmão de Deckard, atua como antagonista em Velozes e Furiosos 6, exibindo traços associados à masculinidade tóxica, como obsessão por poder e controle.

A reinvenção de Dante Reyes

Os filmes de Velozes e Furiosos sempre apresentaram personagens hipermasculinos. No entanto, a atuação de Jason Momoa como Dante Reyes trouxe uma nova perspectiva. A sexualidade de Reyes não é claramente definida, mas ele foge do estereótipo de vilões extremamente masculinos enfrentados pela gangue. Apesar disso, ele é retratado como o adversário mais temível que Toretto já enfrentou, superando-o em cada turno.

Codificação queer e estereótipos prejudiciais

Em Velozes e Furiosos 10, a interpretação de Momoa de Reyes exibe comportamentos extravagantes e estereotipados frequentemente associados a personagens vilões LGBTQ+. Essa técnica, conhecida como codificação queer, perpetua a ideia de que queerness está ligada à estranheza, vilania ou alteridade.

Comparada a casos anteriores de codificação queer em filmes da Disney, a representação de Reyes como um terrorista homoerótico e niilista que desafia os protagonistas cristãos do filme reforça estereótipos prejudiciais.

Uma nova marca de vilão

No entanto, também há razões para comemorar a atuação de Jason Momoa como vilão em Velozes e Furiosos 10. Reyes não se enquadra no estereótipo de vilão claramente gay, já que o único personagem que ele atinge no filme é interpretado por Danielle Melchior. Talvez Reyes não seja gay, ou esteja em algum ponto do espectro, ou talvez sua sexualidade não seja da nossa conta.

Ao permitir que o personagem seja ambíguo em relação a seus relacionamentos amorosos, o filme destaca sua personalidade multifacetada, evidenciada pelo uso de esmalte e penteado. Momoa interpreta Reyes com uma energia maníaca e selvagem, tornando-o um oponente perfeito para a gangue Velozes.

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Magui Schneider

Magui Schneider

Bacharel em Psicologia pela Faculdade IENH; especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Universidade Estácio de Sá.

Fã de filmes e séries investigativos, suspense psicológico, comédias, dramas e ação.

Minhas séries favoritas são La Casa de Papel, The Sinner, Sense8, Stranger Things, O Mundo Sombrio de Sabrina, Black Mirror, Lúcifer, Orange Is The New Black, Vis a Vis, Desejo Sombrio, Três Vidas, entre outras.

Já meus filmes favoritos são Jurassik Park, Bird Box, O Limite da Traição, Imperdoável, entre outros.
Amo os filmes de ação com The Rock.

Para relaxar, gosto de uma boa comédia pastelão, incluindo As Branquelas e Os Farofeiros. E como fã incondicional de Paulo Gustavo, sou muito fã de todos os filmes "Minha Mãe é uma Peça".