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Qual a doença de Coringa? Veja a análise muito além da doença do riso

É inegável que o Coringa, além de ser um fenômeno de bilheteria, é uma obra perturbadora, que por vezes, te faz alucinar e delirar junto ao personagem. E com a exibição do filme em rede nacional (TV Globo), se tornaram constantes as pesquisas sobre qual a doença que Coringa possui. Diante disso, como sócia do MSF, e psicóloga, quero conversar contigo sobre isso.

Em suma, o filme é um drama psicológico que com sobre a origem do vilão mais importante da DC, e em especial, do universo Batman. O sucesso foi tanto, que a trama alcançou a marca de 6,5 milhões de ingressos vendidos no Brasil. Longe de ser um filme de super-herói, ele é dirigido por Todd Phillips, e dá destaque ao tema da saúde mental.

RESUMO E CRÍTICA DO FILME CORINGA

Para construir o personagem Arthur Fleck, o Coringa, o ator Joaquin Phoenix, disse que a construção do personagem foi uma experiência “perturbadora”. Inclusive, precisou perder 27 quilos para dar vida ao personagem. Em suma, a obra desperta diversas interpretações sobre a saúde mental do Coringa, o comediante fracassado. Porém, é justamente neste ponto, que iniciam as diferenças entre a ficção e a realidade. Abaixo, confira os detalhes.

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Qual a doença de Coringa?

Extremamente provocadora, a obra desperta diversas interpretações. Enquanto no filme, a doença mental sugere um gatilho alto para o comportamento violento, fora das telas, a ciência comprova que os pacientes psiquiátricos, em geral, não possuem essa tendência. Exceto, nos casos em que as pessoas ficam com o comportamento alterado por conta do abuso de substâncias químicas, como o álcool e as drogas.

De acordo com o psiquiatra Antônio Egídio Nardi, professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“O nível de transtorno psicológico que gera a deterioração do indivíduo, como o emagrecimento exagerado e os vícios é raro, mas possível. Já o volume de violência é incomum para qualquer transtorno psiquiátrico”.

Sendo assim, essa ideia de que a onda de violência e caos que o Coringa causam se justifica pelos distúrbios mentais do personagem, não tem embasamento científico. De acordo com Nardi, “Eu diria que o personagem apresenta sinais de personalidade esquizoide e tem depressão”. Além disso, ele menciona que “Ainda assim, é preciso deixar claro que o filme não é engajado em vencer o preconceito contra as doenças mentais e tampouco é perigoso. É o que é: apenas uma ficção e não há um diagnóstico na psiquiatria para o personagem.”

Fator de risco é o estopim: condições ambientais

Em suma, o filme Coringa é ambientado nos anos 1980, e ele destaca a cidade de Gotham, que sofre com a desigualdade social. Fleck depende de remédios para controlar uma doença neurológica que o faz ele rir em toda situação de nervosismo (possível quadro de epilepsia gelástica).

Ademais, o personagem busca o serviço de saúde pública, onde recebe o atendimento de uma assistente social. Entretanto, o governo cancela os atendimentos, e Fleck fica sem tratamento. Sem ter como comprar os remédios, ele começa a alucinar e delirar sobre relações e situações.

E aqui, vale a pena fazer o recorde de que, embora não seja dos melhores, o Brasil tem uma cobertura de serviços de saúde mental. Em suma, além do sistema de saúde particular, existe o SUS – sistema único de saúde, que atende de forma gratuita, inclusive os pacientes psiquiátricos. Ademais, também existem faculdades e universidades que disponibilizam clínicas-escolas, onde os seus graduandos podem atender a comunidade de graça, ou a um preço simbólico.

Bullying e traumas

Durante o filme, a exclusão de Coringa se agrava cada vez mais, por conta do bullying, que ele sofre dos colegas de trabalho. Além disso, ele vive em uma condição financeira ferrada, bem como tem uma relação doentia com a sua mãe, marcada pelo vazio e ausência de sentimento. Coringa tem em sua história, um histórico sofrido de violência doméstica sofrida na infância, seja pela sua mãe, seja pelo seu padrasto.

Em suma, os traumas de infância, em especial aqueles que são carregados de violência, são predisposições para os transtornos mentais na vida adulta. Dentre os mais comuns, é possível citar a depressão, a bipolaridade e a esquizofrenia. Durante o filme, o Coringa “sugere” o suicídio em diversas situações.

Cansado de se sentir invisível e de negar a sua existência, Fleck assassina 3 jovens que o humilhava no metrô. A partir disso, o Palhaço desconhecido fica popular na cidade. É a partir disso, que ele consegue a sua autoafirmação – uma condição inerente ao ser humano. Ou seja, desde bebê, o ser humano busca se destacar e conseguir um lugar no meio social. E é só como o Coringa, que ele consegue se colocar em evidência, e conseguir achar para si, um lugar no mundo.

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Magui Schneider

Magui Schneider

Bacharel em Psicologia pela Faculdade IENH; especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Universidade Estácio de Sá.

Fã de filmes e séries investigativos, suspense psicológico, comédias, dramas e ação.

Minhas séries favoritas são La Casa de Papel, The Sinner, Sense8, Stranger Things, O Mundo Sombrio de Sabrina, Black Mirror, Lúcifer, Orange Is The New Black, Vis a Vis, Desejo Sombrio, Três Vidas, entre outras.

Já meus filmes favoritos são Jurassik Park, Bird Box, O Limite da Traição, Imperdoável, entre outros.
Amo os filmes de ação com The Rock.

Para relaxar, gosto de uma boa comédia pastelão, incluindo As Branquelas e Os Farofeiros. E como fã incondicional de Paulo Gustavo, sou muito fã de todos os filmes "Minha Mãe é uma Peça".