O Menino do Pijama Listrado é baseado em fatos reais?

O filme O Menino do Pijama Listrado emocionou a todos com a história de amizade entre Bruno e Shmuel, crianças com realidades completamente diferentes durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro é filho do comandante de um dos campos de concentração na Alemanha. O segundo, um menino judeu que vivia sob condições desumanas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Bruno, um garoto de oito anos, e sua família saem de Berlim para residir próximo a um campo de concentração, onde seu pai acaba de se tornar comandante. Infeliz e solitário, ele vagueia fora de sua casa e certo dia encontra Shmuel, um menino judeu de sua idade. Embora a cerca de arame farpado do campo os separem, os meninos começam uma amizade proibida.“, revela a sinopse oficial do filme.

Com direção de Mark Herman, O Menino do Pijama Listrado propõe algumas reflexões sobre o mal causado pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Até hoje, muitas pessoas acreditam que o longa-metragem pode ser utilizado como documento histórico. No entanto, não há consenso científico sobre a trama.

Abaixo, assista ao trailer oficial.

Afinal, O Menino do Pijama Listrado é baseado em fatos reais?

Falar sobre a inspiração por trás de O Menino do Pijama Listrado desperta curiosidade no público. Em primeiro lugar, o filme adapta a obra homônima escrita por John Boyne, publicada em 2006. O livro precisou de pouco tempo para se tornar um verdadeiro best-seller, vendendo mais de 11 milhões de unidades.

De acordo com Marcio Pitliuk, especialista no Brasil sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, a obra até se inspira em personagens que existiram na realidade. Em entrevista ao Aventuras na História, ele adota cautela para abordar sobre a questão histórica do filme.

“O filme é baseado numa situação real, apesar de a história ser ficção. O comandante de Auschwitz, Rudolf Hoess, de fato viveu com a esposa e 5 filhos numa casa colada ao muro do campo”, registra ele.

Além disso, ele explica que da janela era possível enxergar o interior de Auschwitz, um dos mais cruéis campos de concentração da Alemanha. Pitliuk ainda traz um relato histórico sobre o julgamento dos culpados pelas torturas aos judeus, algo que O Menino do Pijama Listrado não aborda.

“Quando no seu julgamento perguntaram o que ele dizia aos filhos ao verem aquelas pessoas esqueléticas, morrendo de fome, quase cadáveres, ele respondeu que dizia aos filhos que não eram pessoas, eram ‘Untermensch’ [termo pejorativo utilizado pelos alemães para se referir a judeus].”

Filme não faz retratações possíveis para a época

Em um artigo publicado pelo Holocaust Centre North (HCN), o filme O Menino do Pijama Listrado aponta diversas inverdades históricas. Situações impossíveis para a dinâmica política da época. Por exemplo, as crianças alemãs eram educadas para acreditar no orgulho da guerra.

“As crianças aprenderam que a guerra era algo para se orgulhar, pois significava que a Alemanha se tornaria uma grande potência mais uma vez”, reflete o texto.

Além disso, O Menino do Pijama Listrado também sugere que muitas pessoas não sabiam sobre os abusos cometidos pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Mais do que isso: faz parecer que boa parte da população não compartilhava o mesmo desprezo pelos judeus. O que, historicamente, não é verdade.

“Era impossível uma criança ficar na cerca, eram duplas, eletrificadas, e proibido de se aproximar.”, explica Pitliuk ao Aventuras na História. “Não havia a menor possibilidade daquela interação. Também não havia ‘tempo livre’ para um bate papo. As crianças, a partir dos 14 anos, eram escravas. As menores, assassinadas na chegada”.

Por fim, o historiador também reflete que o livro consegue adaptar a história de forma mais realista. Ao mesmo tempo, o filme amenizou todos os atos desumanos da Alemanha. “Ficou muito leve, quase uma água com açúcar de um assunto que não é nada disso. Foge totalmente da realidade e não devia ser usado para educação sobre o Holocausto”, finaliza Pitliuk.

O Menino do Pijama Listrado está disponível no Globoplay.

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