Greve dos atores: o que aconteceu na década de 60?
A greve dos roteiristas de Hollywood dura dois meses e, em breve, os atores devem se juntar a eles. De acordo com a Variety, a última rodada de negociações entre o sindicato dos atores de Hollywood (SAG-AFTRA) e os representantes dos grandes estúdios (AMPTP) terminou sem acordo.
Além disso, o contrato entre as entidades chegou ao fim durante a madrugada desta quinta-feira (13). Em comunicado oficial, representantes da SAG e da AMPTP entraram em conflito após as negociações não avançarem. A presidente do sindicato dos atores, Fran Drescher, explicou que a resposta dos estúdios foi “insultante e desrespeitosa”.
“O SAG-AFTRA negociou de boa fé. Estávamos ansiosos para chegar a um acordo que atendesse suficientemente as necessidades dos atores, mas as respostas da AMPTP às propostas mais importantes que trouxemos à mesa foram insultantes e desrespeitosas à nossa contribuição massiva para esta indústria. Os estúdios se recusaram a abordar significativamente alguns tópicos, e em outros apenas bloquearam nossas propostas. Até que eles estejam prontos para negociar de boa fé, não podemos nem começar a pensar em um acordo“, disse ela.
A última vez que a categoria entrou em greve foi em 2000. Contudo, foi na década de 60 que roteiristas e atores se uniram pela última vez em prol de melhores condições financeiras de trabalho. As duas paralisações causaram problemas para Hollywood.
Por que os atores querem entrar em greve em 2023?
Em suma, os atores reivindicam pagamentos melhores para não entrar em greve. De acordo com a BBC, a classe não recebe sobre os lucros obtidos do serviço de streaming. Mesmo após a explosão de consumo que as plataformas obtiveram na última década.
Representantes da SAG argumentam que executivos ganham salários cada vez mais exorbitantes. Enquanto isso, os atores deixaram de arrecadar em situações que antes eram comuns. Por exemplo, os artistas recebiam sempre que determinado conteúdo reprisasse na TV aberta. A dinâmica permitia que os atores obtivessem ganhos mesmo em períodos sem trabalho.
Com a evolução do streaming, no entanto, a lógica mudou. Conteúdos ficam disponíveis de forma integral ao público. E a remuneração dos atores não acompanhou o processo. Conforme a BBC, os profissionais quase não recebem mais quando alguém assiste ao seu trabalho.
“Eles vão nos substituir por reality shows? Ou por estrelas do YouTube? Bem, eles podem tentar”, disse o ator e escritor Adam Conover durante manifestação em frente à sede da Netflix.
Até agora, as negociações entre a SAG e a AMTP tentaram evitar a greve. Com negociações em segredo, ainda não há como determinar quais são os conflitos entre as partes. Um lado argumenta que as propostas foram indecorosas. O outro, contudo, defende que fez movimentos inéditos na história da indústria.
O que aconteceu nas últimas paralisações?
A última greve dos atores aconteceu em 2000. A paralisação durou cerca de seis meses, com impacto nos principais projetos dos Estados Unidos. Apesar disso, a última vez que atores e roteiristas uniram-se foi na década de 1960. Um movimento que lutava para garantir uma porcentagem de remuneração pela exibição de conteúdos na televisão.
A paralisação durou apenas seis semanas, algo distante do que aconteceu com os atores em 2000. Neste ano, os roteiristas já estão paralisados a 148 dias. Com a perspectiva da greve dos atores, o posicionamento das entidades pode caminhar para a maior paralisação da história de Hollywood.
Por fim, boa parte dos principais atores de Hollywood aderiram a uma carta aberta que provoca um estado de greve. Nomes como Meryl Streep, Mark Ruffalo, Jennifer Lawrence e Quinta Brunson manifestaram-se a favor das negociações “transformadoras” para a classe.
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