nao nao olhe

Final explicado de Não! Não Olhe!, novo terror de Jordan Peele

O final de Não! Não Olhe! carrega muitas questões sobre o tema do novo terror dirigido por Jordan Peele. Confira uma explicação dos eventos!

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

Jordan Peele, diretor de Corra! (2017) e Nós (2019), costuma entregar significados mais profundos para a história contada no cinema. De volta com Não! Não Olhe!, as marcas do cineastas estão presentes da forma mais sutil em relação ao final dos antecessores. Assim, os temas explorados ao longo do filme podem ficar velados à compreensão de espectadores mais desatentos.

Escrito e dirigido por Peele, Não! Não Olhe! fornece elementos de terror unidos à fantasia da ficção científica. Contudo, foge um pouco do padrão estabelecido pelo diretor ao longo de outros filmes. Em Corra!, por exemplo, o senso de crítica está entregue aos espectadores. Portanto, entender o final de Não! Não Olhe! exige considerar cada nuance apresentado ao longo das 2h10min.

Final de Não! Não Olhe!

Para chegarmos ao final de Não! Não Olhe!, somos apresentados a OJ (Daniel Kaluuya), um jovem que treina cavalos para filmes em Hollywood ao lado do pai. Ambos estão no rancho da família quando, de forma misteriosa, objetos caem em alta velocidade do céu.

Seis meses se passam. O pai de OJ morre após alguns desses objetos o atingirem. Ele tenta, com a ajuda da irmã Emerald (Keke Palmer), seguir com o trabalho da família. Contudo, ao não conseguir manter o mesmo nível, o rapaz passa a vender alguns cavalos para Jupe (Steven Yeun), dono e artista de um parque vizinho ao rancho onde OJ vive.

Na medida em que o filme avança, eventos sobrenaturais surgem à porta de OJ. Ao lado de Emerald e de Angel, ele pretende filmar a existência de OVNIs para lucrar algum dinheiro e salvar o rancho, mas descobre que o extraterrestre ataca ao ser observado (por isso o nome do filme na versão em português). Por fim, todos precisam lidar com as perdas para sobreviver ao ataque final.

A espetacularização do trauma

Logo de início, Não! Não Olhe! mostra o ataque do macaco ator Gordy ao set de filmagens de uma série de comédia fictícia. Apenas Jupe, na época uma criança, não foi ferido pelos ímpetos do animal. Pelo contrário. Gordy se tranquiliza ao perceber um garoto acanhado embaixo da mesa e estende o braço para cumprimentá-lo.

Ao crescer, Jupe transforma o trauma em espetáculo. Quando se depara com o extraterrestre, o artista compreende que tem a capacidade de controlá-lo a partir de alimentação. A partir disso, cria um show exclusivo para quem frequenta o parque. Ao ter tranquilizado Gordy quando criança, Jupe entende que é o “escolhido” para o momento. O trauma, portanto, fica no passado e converte-se em confiança.

Ao mesmo tempo, OJ e Emerald decidem investigar a presença do OVNI. Ambos procuram filmar o extraterreste para lucrar em cima dele. O filme ainda mostra outros indicativos da espetacularização. Ao final, um repórter do TMZ preocupa-se mais com as suas gravações do que com os ferimentos graves que acabara de ter.

A relação do ser humano com a natureza

Jordan Peele demonstra uma relação entre o ser humano e os efeitos climáticos em Não! Não Olhe!. Em suma, o diretor questiona até que ponto a natureza aguenta quando é levada à exaustão para o benefício próprio dos humanos. Ao mesmo tempo, propõe um exercício claro sobre como animais reagem quando alcançam o limite.

O macaco Gordy, por exemplo, elucida questões fundamentais do filme. Com um primeiro olhar, o arco narrativo do animal pode estar desconexo com a trama principal do filme. Contudo, Gordy serve para acrescentar entendimento para Não! Não Olhe!. Em suma, o macaco ator atinge seu limite quando alguns balões estouram. Assim, ele se descontrola e parte para cima dos humanos com os quais divide elenco, causando ferimentos graves. A cena serve para construir o personagem Jupe, que esteve presente no momento, mas foi poupado por Gordy.

Por outro lado, o ataque do macaco funciona como um exercício de comparação. Ele foi levado à exaustão por humanos que queriam produzir um espetáculo. O mesmo acontece, portanto, com o extraterrestre do filme, apelidado de Jean Jacket.

Como Jean Jacket funciona?

Em Não! Não Olhe!, Jean Jacket funciona como uma parte da natureza. De início, OJ entende que Jean jacket é apenas um OVNI. Ao longo do filme, descobre que ele é, na verdade, um extraterrestre vivo. Ao longo de seis meses, o alien foi utilizado como parte de um espetáculo por Jupe. Em certo ponto, foi ferido com arame farpado por Emerald.

No final do filme, ao que tudo indica, Jean Jacket chegou ao limite e proferiu ataques à região onde o parque funciona e onde OJ mantém o rancho. O extraterrestre se alimenta dos humanos presentes e causa um verdadeiro espetáculo ao colocar tudo para fora, com chuva de sangue, tripas e objetos.

O final de Não! Não Olhe!

Os eventos finais de Não! Não Olhe!, portanto, conduzem o filme para uma conclusão ambígua. Determinados em continuar com o espetáculo, OJ, Emerald e Angel precisam encontrar uma forma de filmar Jean Jacket.

Emerald e OJ ficam frente a frente com ele. Contudo, OJ olha nos olhos do OVNI vivo e faz um sacrífico para salvar a irmã. Ao final, Emerald recorre ao parque de Jupe, deserto após o ataque de Jean Jacket, e consegue flagrar com uma foto o ataque. No último vislumbre, ela enxerga o irmão em cima do cavalo Lucky, que seria oferecido como alimento.

Como OJ sobreviveu ao ataque de Jean Jacket? Desde o início, o personagem de Daniel Kaluuya entendeu como respeitar animais potencialmente perigosos. Em alguns momentos do filme, inclusive, ele se recusa a enfrentar situações também potencialmente perigosas. Portanto, há em OJ uma forma natural em domar os animais ao seu redor por meio do respeito e do instinto de sobrevivência.

Enfim, curtiu nossa matéria? Então, siga a gente no Google News. Além disso, convidamos você a nos seguir nas redes sociais Twitter e Instagram para ficar por dentro de tudo que rola no mundo das séries e filmes.

Victor Eduardo

Victor Eduardo

Victor Eduardo é jornalista formado pela PUC do Rio Grande do Sul desde agosto de 2021! Ao todo, tem experiência em reportagem, comunicação institucional e assessoria de imprensa. Atualmente, divide o tempo de trabalho com a leitura e com a cozinha, hobby que desenvolveu durante a pandemia por Covid-19. Atua como jornalista sob o registro profissional 20810/RS.