Divinas Divas

Divinas Divas | Documentário de Leandra Leal se baseia em fatos reais

Os anos de 1960 e 1970, no Brasil, foram um dos mais efervescentes da cultura nacional, mas igualmente sombrios devido a ditadura militar. Foi com o intuito de mostrar esse cenário que Leandra Leal produziu o documentário Divinas Divas. A atriz e também diretora, se inspirou na história de oito artistas travestis que faziam shows no Teatro Rival, no Rio de Janeiro.

Lançada em 2017, a obra conta com a participação de Rogéria, Jane Di Castro, Marquesa, Eloína dos Leopardos, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Holliday e Brigitte de Búzios. É na voz de cada uma delas que a narrativa acontece. Assim como, da própria Leandra, que lembra da infância perambulando pelo teatro, que é da sua família.

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O nascimento do Divinas Divas

A ideia nasceu ainda em 2004. Naquele ano o teatro completava 70 anos de sua fundação, e para celebrar o espetáculo Divinas Divas foi organizado. As personagens do filme eram as estrelas do show, bem como as homenageadas. Afinal, elas fazem parte dos artistas que ajudaram a sustentar o Teatro Rivas durante os piores anos da ditadura militar. O espetáculo ficou em cartaz por 10 anos.

Em 2014, um número musical diferente foi realizado para encerrar com chave de ouro. Leandra Leal, agora já proprietária da casa, decidiu rodar um documentário realizado internamente sobre a preparação do derradeiro show. E igualmente focado na vida e carreira de cada uma das artistas. Nascia então, ali, o filme Divinas Divas.

A obra aborda com muita delicadeza, mas sem deixar de mostrar o lado pesado que elas enfrentaram ao longo dos anos mais sombrios do Brasil. Ao mesmo tempo demonstra que é possível sobreviver. Tanto quanto envelhecer com dignidade, mesmo sendo diferente.

No auge da ditadura militar os travestis tiveram papel importante de resistência

No final dos anos 1960, o contestador Teatro de Revista estava praticamente extinto, já que estava proibido fazer piadas sobre os governantes. A concorrência com o cinema e a televisão fizeram o público desaparecer. Assim sendo, a única opção de sobrevivência do Teatro Rival, bem como de outras casas, foram os shows de travestis.

No documentário, Jane Di Castro, Divina Valéria e Eloína falam sobre as prisões e abordagens feitas por policiais. Conforme a legislação da época, vestir-se com roupas do sexo oposto era considerado um crime. Do mesmo modo, andar dessa forma nas ruas poderia ser enquadrado como crime de vadiagem.

Em 1980, o jornal Estado de São Paulo divulgou o plano da polícia para retirar as travestis das ruas. A ação contaria com o apoio da Delegacia de Vadiagem do DEIC. Além disso, o planejamento tinha a intenção de definir áreas específicas da cidade para colocar todas as travestis juntas.

O documentário também mostra o lado ambíguo dessa triste realidade. Enquanto o governo prendia travestis nas ruas, permitia que a mesma aparecesse de forma debochada na televisão. Os mesmos que aplaudiam a polícia, adoravam assistir a Rogéria cantando e dançando na sala de jantar.

No momento o documentário está disponível apenas no serviço Now da Claro.

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Gabriele Lorscheiter

Gabriele Lorscheiter

Gabriele Lorscheiter, ou simplesmente Gabi, é formada em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo com ênfase em Gestão da Comunicação pelo Centro Universitário Metodista - IPA.