Crítica Zumbi: A Noite Devorou o Mundo

O que aconteceria se juntassem os filmes “Náufrago” com “Madrugada dos Mortos”? A resposta é “A Noite Devorou o Mundo”. Parece uma piada muito ruim de tiozinho em festas de fim de ano, mas é exatamente esse o formato do filme assim nomeado. Dirigido por Dominique Rocher e estrelado por Anders Danielsen Lie, “La Nuit A Devoré Le Monde” conta a história de um jovem que acaba ilhado em um prédio parisiense, cercado por um mar de mortos.

É, é um filme de zumbi, mas não é como os demais filmes do tipo. Este é diferente pois aborda a solidão, a capacidade humana de lidar tanto com a ausência da sociedade quanto com a solidão absoluta em meio ao caos e desespero. Trata-se de um filme sobre um jovem que se isolava aprendendo a sentir falta daquilo do que evitava.

Como no filme em que Tom Hanks passou fome em nome da arte, o jovem Sam acaba por enfrentar grandes necessidades e desafios, tendo de racionar pra sobreviver. A diferença é que ele tem água encanada por um tempo, lareira, um local seguro (apesar de não poder fazer barulho por causa dos mortos querendo devora-lo) e vários enlatados. Ele não é um entregador da Fedex, mas toca percussão muito bem (algo de veras útil nessas condições, não!?) e por fim, ele tem sua própria versão do Wilson, um tanto quanto mais participativo do que uma mera bola.

Não espere por cenas sangrentas nem por massacres. O jovem sobrevivente não é um bom lutador então ele evita contato com os mortos a todo custo. Além disso, os mortos vivos são num modelo mais vivo que o comum, como se o elenco economizasse bastante com maquiagem. Sem querer julgar, mas se considerar a locação limitada, aparência física e mobilidade, não seria nenhum espanto se os mortos fossem apenas ilusões da cabeça do jovem que de tão recluso passou a enxergar todo mundo como nefastos seres degustadores de cérebro.

Mas sem fugir muito da realidade imposta no filme, os zumbis fazem mais o estilo daqueles apresentados em “Madrugada dos Mortos”, a versão de 2004, em que os mortos eram frenéticos e violentos. Eles só não chegam ao nível dos zumbis de “Guerra Mundial Z”, pois apesar de se empilharem uns nos outros, não formam montanhas. Se precisássemos tabela-los entre os lerdos mortos vivos de Romero, aos mais ágeis e intelectuais de obras mais atuais (pois é, os zumbis estão ficando cada vez mais espertos), eles ficam logo ali, colado com “Madrugada dos Mortos” mesmo.

Ainda assim eles se diferem por um detalhe importantíssimo: São silenciosos. Como se já não bastasse a ausência de alguém pra conversar, até mesmo os mortos que estão por todo o canto quase não fazem barulho. Eles não resmungam, não gritam, não chiam, não falam, nem mesmo o básico do básico que é grunhir eles fazem. Mas acredite, tudo isso não é uma crítica negativa, muito pelo contrário, a identidade do filme foi impressa com louvor dessa forma e no final das contas, souberam aproveitar o elenco coadjuvante com maestria. Enfim, este é um ótimo filme de zumbi e apesar de simples, ele consegue ser bem movimentado e surpreendente, fugindo um pouco do clichê do gênero onde normalmente o terror vive nas pessoas devoradas ou nos infectados surpresa. Aqui, nem tem pessoas direito.

Veja o trailer:

É isso, esperamos que tenha gostado, e que goste ainda mais do filme.

Redação

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