Round 6

O que a série Round 6 da Netflix tem a ver com o capitalismo?

A série sul coreana Round 6, que em inglês é chamada de Squid Game (Jogo da Lula, em tradução direta), estreiou há duas semanas no catálogo da Netflix sem nenhum alarde. E em tão pouco tempo, ela está a caminho para desbancar os sucessos Bridgerton e La Casa de Papel como a série mais assistida da Netflix de todos os tempos.

Round 6 não tem um enredo romântico nem mesmo um grande assalto impulsionado de muita ação, mas uma série mostra competições mortais entre 456 voluntários, que se arriscam em um jogo. Parece tarefas simples, como brincar em um playground infantil, mas isso até que as balas começam a voar e cadáveres começam a cair. Quem sobreviver até o fim pode ganhar riquezas além do que podemos imaginar. Mas muitos morrerão nesse caminho.

A série conta a história de almas azaradas que têm que lutar até a morte para entreter de outra pessoa. E o grande lance é que o jogo é “honesto”. Em Round, não há pretensão de que a sorte aleatória ou a política cruel tenham escolhido as vítimas do jogo. A série é explícita sobre os jogadores: pessoas pobres têm que jogar esses jogos. Assim como o coreano Parasita, vencedor do Oscar de Bong Joon-ho, Round 6 também é um sucesso por mostrar de forma brutal honesto sua visão do capitalismo: ele é uma droga.

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Porque as pessoas não conseguem parar de assistir Round 6 na Netflix?

Round 6 começa mostrando o personagem Seong Gi-hun (Lee Jung-jae), um fracasso colossal de um homem que está se afogando em dívidas, apoiando-se em sua mãe idosa, e constantemente desperdiçando qualquer valor no seu vício em jogos.

Seong Gi-hun

Um dia, um homem bonito de terno se aproxima de Gi-hun no metrô e lhe propõe um jogo simples chamado ddakji. Se Gi-hun ganhar, ele ganha dinheiro. Mas se o homem misterioso ganhar, Gi-hun tem que pagá-lo. Como nosso herói não tem dinheiro, o homem sugere que Gi-hun pague com seu “corpo”. Cada vez que Gi-hun perde, ele é esbofeteado. Quando ele finalmente ganha um round, ele tenta retribuir o tapa, mas recebe o dinheiro e um cartão de visita com um número de telefone, que se ele quiser jogar, pode ganhar ainda mais dinheiro.

História de Round 6

Nesta introdução percebemos que Gi-hun é obcecado por jogos e necessita de dinheiro. Na verdade, todos no Round 6 têm algo além de apenas uma cobiça por dinheiro que os conduz. Mas é a necessidade de dinheiro que, em última análise, obriga a maioria dos jogadores a retornar voluntariamente ao jogo depois de escapar pela primeira vez.

A segunda parte da genialidade da série é a maneira distorcida que dá aos seus personagens principais uma saída após o primeiro massacre aterrorizante. Uma vez que Gi-hun chega à misteriosa base da ilha do jogo, ele se encontra junto as outras 455 pessoas vestidos com ternos verdes. Todo mundo tem um número, não um nome, e uma chance “igual” de ganhar o primeiro jogo, “Luz Vermelha, Luz Verde”.

Round 6

Os perdedores do jogo são mortos enquanto os vencedores podem votar se querem permanecer na competição mortal ou não. Em última análise, eles votam para sair, mas como o episódio 2 “Inferno” mostra, o mundo exterior não é mais gentil com essas almas empobrecidas. Na verdade, para muitos, a emoção dos jogos é melhor do que o horror de viver. Gi-hun, por exemplo, não pode lidar com a vergonha de perder sua filha e descobrir que sua mãe não pode pagar cuidados médicos por causa dele.

E assim Gi-hun e a maior parte dos jogadores sobreviventes retornam à ilha, onde embarcam em uma série de jogos horríveis que vão desde cabo de guerra até um motim cuidadosamente coagido no final da noite. Juntando-se a eles, porém, está um policial (Wi Ha-joon) que procura por seu irmão. Através do POV do policial, aprendemos mais sobre os trabalhadores mascarados. Surgem temas sobre o valor da vida humana, o poder do trabalho em equipe e a natureza corrosiva da desconfiança.

Criador da série

Round 6 é foi criada pelo escritor e diretor coreano Hwang Dong-hyuk, que revelou em uma recente entrevista ao Variety que queria especificamente “escrever uma história que fosse uma alegoria ou fábula sobre a sociedade capitalista moderna, algo que retrata uma competição extrema, um pouco como a competição extrema da vida. Mas eu queria que ele usasse o tipo de personagens que todos nós conhecemos na vida real.”

Ele continuou explicando que é um fã do gênero Battle Royale de sobrevivência. Em Round 6, “os jogos retratados são extremamente simples e fáceis de entender. Isso permite que os espectadores se concentrem nos personagens, em vez de se distraírem tentando interpretar as regras.” (O título Squid Game vem de um jogo de escola real que era popular nas entre 1970 e 1980 na Coreia).

O que explica o sucesso de Round 6?

Hwang teve sucesso em seu objetivo. Round 6 te prende com a simplicidade bruta de seu conceito, e mantém você assistindo com seus complexos retratos de personagens e misteriosa construção de mundo. Quando totalmente imerso no mundo do jogo, você terá sentimentos fortes pelos personagens, bons e maus. Você vai encontrar-se chocado com teorias sobre conexões secretas e sentindo indignação sobre o simbolismo óbvio em jogo. (Essa indignação é mais pela forma como a desigualdade molda nosso mundo do que a abordagem simples e quase inexistente de Hwang à metáfora.) Acima de tudo, você estará em partes iguais entretido e horrorizado.

Round 6

Round 6 não é um sucesso por causa de seu conceito, mas sim pela sua execução. Em vez de fugir do subtexto do gênero jogo de sobrevivência, Round 6 enfrenta a grosseira desigualdade causada pelo capitalismo. Round 6 não esconde sua mensagem em metáforas com a simplicidade de jogos infantis.

Fonte: Decider.

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Priscilla Kinast

Priscilla Kinast

Priscilla é redatora de web sites há cerca de 8 anos, tendo ao todo 15 anos de experiência com produção de conteúdo para a internet. Graduada em Administração de Empresas (Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre), encontrou sua verdadeira paixão na administração de websites. Devido sua experiência com redação de conteúdo, obteve registro profissional como jornalista pelo Ministério do Trabalho (Registro Profissional: 0020361/RS).

Apaixonada por séries e filmes de ficção científica, suspense psicológico, dramas e comédias.
As séries favoritas são Sense8, Black Mirror, Orphan Black e The 100. E para além das ficções, gosto também de Orange Is The New Black, How I Met You Mother, Grey's Anatomy, Breaking Bad, Anne with an E, entre outras.
Já no que se trata de filmes, os melhores em sua opinião são Interestellar, Efeito Borboleta, Matrix, A Ilha do Medo, Projeto Almanaque, Onde Está Segunda, Eu Sou a Lenda, etc.